Santos

Tratamento de Cálculos Renais – Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque

Tratamento de Cálculos Renais – Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque

A Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque (LECO) é considerada o tratamento mais utilizado por urologistas brasileiros para o tratamento de quadros de litíase (pedra nos rins, cálculo renal, cálculos urinários). A LECO teve seu início no princípio dos anos 80 e desenvolveu-se tecnicamente, tornando-se um dos métodos mais conhecidos em todo o mundo.

Consiste em um tratamento não invasivo, em que um aparelho chamado Litotridor (figura 01) emite ondas mecânicas de alta energia que se propagam em meio líquido e penetram no corpo do paciente em direção ao cálculo, fazendo-o vibrar e, consequentemente, fragmentar ou pulverizar. Posteriormente, os fragmentos podem ou não serem eliminados na urina.

 

Figura 01 – Paciente posicionada no Litotridor

 

Existem três principais sistemas de geração de ondas de choque: o eletro-hidráulico, o eletromagnético e o piezoelétrico. Entretanto, o efeito físico sobre o cálculo é o mesmo, independentemente do sistema. Os cálculos a serem tratados precisam ser localizados com a radioscopia, com a ultrassonografia ou com ambas. Veja na figura 02 as imagens de uma sessão de LECO guiada por radioscopia. A seta vermelha aponta o cálculo antes do tratamento. Observe a fragmentação progressiva do cálculo com a evolução dos disparos realizados pelo litotridor.

 

Figura 02 – Imagens de radioscopia durante sessão de LECO.

 

O procedimento é realizado sob anestesia ou sedação, tem duração de cerca de 45 minutos e é limitado pelo número de disparos em direção ao cálculo, que ficam em torno de 3.000 disparos. Não é necessário internação e o retorno às atividades habituais é precoce, após recuperação anestésica de cerca de 2 horas. São comuns o sangramento na urina, a dor e o hematoma na região tratada. Pode ocorrer também cólica renal em decorrência da migração de algum fragmento pelo ureter.

Os principais fatores que determinam o sucesso do método são o tamanho e a dureza do cálculo, a anatomia da via excretora do rim, e a distância da pele até o cálculo renal. A LECO é mais eficiente em cálculos menores, de menor densidade e em pessoas magras.

 

Figura 03 – Fragmentos de cálculos coados na urina após sessão de LECO

 

A litotripsia extracorpórea não está relacionada a efeitos adversos a longo prazo. Há uma revisão sistemática publicada na revista Urology, em 2015, onde foi evidenciado que a maioria dos estudos mostra que não se evidencia a longo prazo, após realização de procedimento de litotripsia extracorpórea, aumento de incidência de hipertensão arterial (24 de 30 estudos), diabetes mellitus (4 de 6 estudos), disfunção renal (14 de 14 estudos) ou infertilidade (2 de 2 estudos).

A LECO ganhou aceitação mundial e foi durante anos considerada a primeira opção de tratamento para a maioria dos cálculos renais e ureterais, de acordo com as recomendações da American Urological Association e da European Association of Urology.

Atualmente, com o advento das cirurgias minimamente invasivas, a LECO divide espaço com as cirurgias endoscópicas e percutâneas. Cada método tem sua indicação, a depender de características do paciente e do cálculo. Cabe ao urologista traçar um plano terapêutico para cada situação.

 

Escrito por Dr Heleno Diegues Paes

 

Referências:

https://pt.wikipedia.org/

Urology. 2015 May;85(5):991-1006

https://portaldaurologia.org.br/

 

 

Ler mais sobre o assunto:

A Doença “Cálculo Renal”

 

 

Assista aos vídeos no canal Dr Examina no YouTube: